O Impacto da Tecnologia nas Profissões do Futuro

Empregos serão extintos pela tecnologia, mas outros serão criados, gerando oportunidades em mercados ainda não explorados

O aumento do uso da tecnologia em todas as áreas vem trazendo impactos significativos nas profissões. O desenvolvimento da automação habilitada por tecnologias que incluem soluções de robótica como RPA (Robotic Process Automation), inteligência artificial, realidade virtual e aprendizagem de máquina trazem a promessa de maior produtividade, maior eficiência, segurança e conveniência. Mas essas tecnologias também levantam questões difíceis sobre o impacto mais amplo da automação nos empregos, habilidades, salários e na própria natureza do trabalho.

Olhando para o passado desde a 1ª revolução industrial e depois com as 2ª e 3ª revoluções, sempre vimos profissões sendo extintas e novas sendo criadas. O nascimento da indústria, por exemplo, causou grandes transformações na economia mundial, assim como no estilo de vida da humanidade, uma vez que acelerou a produção de mercadorias e a exploração dos recursos da natureza. Além disso, a revolução industrial foi responsável por grandes transformações no processo produtivo e nas relações de trabalho.

Como exemplo, alguns dos empregos de cinquenta anos atrás que “quase” não existem mais no mundo de hoje:

A) “Motoristas de toras de madeira”: acredite se quiser, mas já existiu uma profissão que podemos traduzir como “motoristas de toras de madeira”. Por décadas, a indústria de papel precisou do serviço desses trabalhadores para transportar madeiras pelos rios dos Estados Unidos e Canadá, apesar de serem explorados, já que esses profissionais ganhavam apenas um dólar por hora de serviço. Registros afirmam que essa profissão deixou de existir em 1976.

B) Treinadores de pombo-correio: a marinha americana, por exemplo, usou esses animais para transportar mensagens até 1961, para o caso de um ataque acabar com qualquer tipo de comunicação. Por conta disso, era preciso empregar treinadores para que os animais aprendessem a entregar suas mensagens corretamente. O uso de militar de pombo-correio continuou até 1996, quando a Suíça, último país a utilizá-lo, decidiu acabar com ele.

C) Operador de telefone: sabemos que o telefone foi uma das grandes invenções da humanidade. Antigamente, ao fazer uma ligação, era preciso, primeiramente, entrar em contato com um operador, que direcionava a ligação por meio de um quadro de distribuição manual. Com o surgimento dos telefones de disco, a profissão acabou se tornando desnecessária, mas continuou em existência em alguns locais dos Estados Unidos até os anos setenta. Nos anos noventa, os quadros de distribuição se tornaram digitais, mas nem é preciso dizer que logo, os trabalhadores perderam definitivamente seus empregos.

D) Ascensorista: Muitos empregos deixaram de existir por conta dos avanços da tecnologia como dito na introdução não é mesmo? No entanto, vamos ser francos: qual a necessidade de precisar de um ser humano para apenas apertar botões? De qualquer forma, há décadas, era algo com o qual algumas pessoas não estavam muito familiarizadas. Por isso que existiam os ascensoristas: pessoas que apertavam os botões de elevadores. Mas além disso, também era preciso ser simpático, estar com um sorriso no rosto e até entreter os passageiros. Ainda é possível encontrar pessoas que trabalham como ascensoristas, mas no fundo, se tornou uma profissão ultrapassada.

O ponto principal agora é a velocidade. O que no passado demorava anos e até décadas, agora pode acontecer em poucos anos, e porque não pensar, em meses. Embora o McKinsey Global Institute calcule que cerca de 50% das atividades atuais da força de trabalho possam ser automatizadas com tecnologias já comprovadas, apenas 10% desses trabalhos são automatizáveis a uma taxa acima de 90%.

E quais outras profissões que ainda vemos hoje e que também podem ser extintas? Empregos como cobrador de ônibus, frentista de posto de combustível, cobrador de praça de pedágio, árbitro de futebol, motorista por aplicativo, porteiro de condomínio, entre outros, talvez corram este risco.

A pergunta então é: quais as profissões do futuro e qual é o futuro do trabalho?

E por que esta pergunta agora vem sendo o centro das atenções se as profissões sempre mudaram? Simplesmente porque a velocidade de mudança do aprendizado é tão grande que as habilidades técnicas passaram a ter um prazo de validade curto.

Agora passamos ao modelo Lifelong Learning – conceito de aprender por toda a vida (espécie de educação continuada), sem a utilização de uma instituição formal de ensino – ou seja, aprender para sempre. O modelo de estudo em escola até vinte e poucos anos complementado eventualmente por uma pós-graduação ou um MBA, pode estar caindo por terra. O profissional do futuro terá cinco ou mais carreiras ao logo da vida. E haverá um aumento na desigualdade entre as pessoas qualificadas e sem qualificação.

Segundo o escritor e futurista norte-americano Alvin Toffler falecido em 2016, o analfabeto do século XXI não é aquele que não sabe ler ou escrever, mas sim, aquele que não sabe aprender, desaprender e reaprender. Ou seja, precisaremos aprender a desapegar de conhecimentos ultrapassados e passar a aprender novos temas, principalmente sobre as novas tecnologias.

As novas tecnologias têm o potencial de mudar muito do que sabemos sobre a maneira como e no que ou com o que as pessoas trabalham. Um estudo realizado pela Cognizant, consultoria em tecnologia multinacional, aponta as profissões promissoras buscando identificar e analisar as principais tendências do mercado de trabalho em resposta ao surgimento de novas tecnologias e novas práticas de negócios no futuro das profissões, para os próximos cinco a dez anos.

Entre as profissões do futuro avaliadas pelo estudo podemos citar as seguintes:

A) Detetive de dados:  investiga os mistérios dos big data, o que os dados estão nos dizendo e que segredos eles contêm;

B) Andador-falador: conecta idosos com companheiros de conversação no conforto de sua própria casa e, para os idosos com maior mobilidade, uma pessoa para passear e conversar;

C) Gerente de time Homem/Máquina: a colaboração homem-máquina é a nova força de trabalho e vai ser uma realidade, e esta ocupação vai identificar tarefas, processos, sistemas e experiências que podem ser melhorados com a tecnologia.

O estudo das profissões do futuro é realizado com base nas principais tendências macroeconômicas, políticas, demográficas, sociais, culturais, empresariais e tecnológicas hoje observáveis.

Para prosperar em um mundo em constante mudança, as empresas devem redesenhar o trabalho e apoiar seus funcionários de forma que os capacitem a enfrentar os desafios futuros.

Com tantas mudanças rápidas e significativas, é importante estar sempre pronto para investir em atualizações. O aprendizado constante é o que pode fazer com que um profissional não sinta de maneira drástica as mudanças pelas quais o mercado de trabalho vem passando e, com isso, possa se manter sempre atraente para o empregador.

Esta frase do escritor Gutto Carrer Lima resume bem o que já está acontecendo e o que ainda está por vir: “Obsolescência. Acho que estou precisando me reinventar. De novo.”

Referências:
– Technology, jobs, and the future of work – McKinsey Global Institute
– 21 Jobs of the Future – Cognizant
– Humans and Technology: The future of work is uniquely human – MIT Technology Review in  association with Deloitte

Autor:
Roberto Wik é executivo de negócios, consultor em gestão, transformação digital e tecnologia, empreendedor e investidor. (linkedin.com/in/roberto-wik)

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